escritas e falares da nossa língua


sexta-feira, fevereiro 10, 2012

o real ou o kwanza?

ao Jornal de Angola deu-lhe para botar opinião sobre a nova ortografia da Língua portuguesa, insurgindo-se contra ela, com o argumento agora muito na berra - já que cairam todos os outros: o argumento de que se trata de um negócio, melhor de um negócio nojento. brilhante! mas, ó xente:
1º - o artigo surge no contexto de um coro das bruxas, mas é só por acaso, mais nada.
2º - embora o artigo fale no septuagenário do Restello, aposto que o decrépito senhor, coitado, não tem nada que ver com o artigo.
3º - fico informado que o Museu da Ortografia, vulgo CCB, só está autorizado a usar a antiquada ortografia até ao dealbar de 2014, o que não deixa de ser uma novidade boa e curiosa.
4º - fico a saber que em Angola existe uma aversão profunda a tudo o que seja negócio, nojento ou não, e que a maioria dos angolanos não faz negócio nenhum, porque são todos muito afetivos e assim.
5º - os casos excecionais em que Angola se vai apoderando do que de melhor existe em Portugal e faz negócios dos bons (petróleo, cobre, ferro, diamantes, e a compra do BPN por tuta e meia), esses não são nojentos, nem coisa parecida, e são feitos, certamente, com pessoas que seguem ou querem seguir a nova ortografia - já que aqueles que seguem a velha não fazem negócios.
6º - ele há gente que não se enxerga...

o mais curioso nesta estória do artigo do Jornal de Angola é que os angolanos usam e abusam do "k", do "w" e do "y", que agora estão consignados na nova ortografia, mas não na ortografia que o jornal diz defender. e isto, no mínimo, é cómico...
afinal de contas, quem é que quer mandar na nossa maneira de escrever: o Brasil ou Angola, o real ou o kwanza?