bruxa (Pt., Gz. e Br.)
"bruxa" (subst.) deriva etimologicamente da mesma raiz de "bruxulear", "brûler" (Fr.) e "brusciare" (It.), estando, portanto, ligada à ideia de "arder", "queimar", "grelhar", "assar", "tostar", "torrar". não porque elas, as bruxas, queimassem as pessoas, mas porque as queimavam a elas em espetáculo público. "bruxa" é, pois, "a que ardeu", "a queimada".
a esse destino as condenou a Inquisição, trazida para a Península Ibérica por Fernando II de Aragão. o objetivo foi o de erradicar o sentimento e o pensamento pagão tradicionais, reduzindo tudo e todos a um só pensar e a um só sentir. no mesmo fogo arderam judeus e outras dissidências mais cultas e letradas, que deixaram relato de seu. mas as bruxas, que não sabiam ler nem escrever, não puderam deixar o relato heróico de suas provações e calvários.
às "bruxas" pintam-nas velhas e muito feias, magras, de queixo arrebitado e nariz adunco, montando uma vassoura voadora. não há pior metáfora do que passou a ser velho e caduco: a ordem tradicional, o matriarcado, as crenças populares, a medicina artesanal, a psicologia intuitiva, o transe terapêutico. os poderes de certas mulheres foram atribuídos a um pacto pessoal com o diabo, pelo que o seu destino só podia ser o fogo, à vista de todos. e a passagem de "bruxa" a adjetivo, com o significado de "velha feia, horrorosa e malfazeja".
mas, apesar do holocausto, a cultura popular sobreviveu até bem perto dos nossos dias. moribunda, já não inspira medo nem cuidado. já é possível organizar congressos, encontros e jornadas de feitiçaria, cultura e medicina populares, muito frequentados pela fina-flor da nossa cultura urbana.
é que, como diz o outro, yo no creo en brujas, pero que las hay, hay.
nota: sobre o tópico ver "meiga".
a esse destino as condenou a Inquisição, trazida para a Península Ibérica por Fernando II de Aragão. o objetivo foi o de erradicar o sentimento e o pensamento pagão tradicionais, reduzindo tudo e todos a um só pensar e a um só sentir. no mesmo fogo arderam judeus e outras dissidências mais cultas e letradas, que deixaram relato de seu. mas as bruxas, que não sabiam ler nem escrever, não puderam deixar o relato heróico de suas provações e calvários.
às "bruxas" pintam-nas velhas e muito feias, magras, de queixo arrebitado e nariz adunco, montando uma vassoura voadora. não há pior metáfora do que passou a ser velho e caduco: a ordem tradicional, o matriarcado, as crenças populares, a medicina artesanal, a psicologia intuitiva, o transe terapêutico. os poderes de certas mulheres foram atribuídos a um pacto pessoal com o diabo, pelo que o seu destino só podia ser o fogo, à vista de todos. e a passagem de "bruxa" a adjetivo, com o significado de "velha feia, horrorosa e malfazeja".
mas, apesar do holocausto, a cultura popular sobreviveu até bem perto dos nossos dias. moribunda, já não inspira medo nem cuidado. já é possível organizar congressos, encontros e jornadas de feitiçaria, cultura e medicina populares, muito frequentados pela fina-flor da nossa cultura urbana.
é que, como diz o outro, yo no creo en brujas, pero que las hay, hay.
nota: sobre o tópico ver "meiga".
4 Comments:
Matriarcado?
Eis aqui.
o que Castelao desenhava.
Eis aqui o que Rosalia escrevia:
Este vaise e aquel vaise
e todos todos se van
Galicia sen homes quedas
que te poidan traballar.
Matriarcado ou falta de homens?
By O, at 1:40 da manhã
estou falando de uma velha tradição que reservava para as mulheres um especial papel na sociedade.
a falta de homes é outra cousa, assim como a emigração que lhe está por trás.
entre nós as duas cousas juntaram-se ~ua à outra.
By josé cunha-oliveira, at 10:11 da manhã
certa vez fui convidado a casa de uns amigos galegos. a mulher sentou-se e pôs-se a falar conosco, enquanto o home servia os comes e bebes.
quando da construção da Barragem do Lindoso o povo veio à rua protestar. quem veio para a rua protestar? as mulheres. seria só pola falta de homes?
bom, e resta-me agradecer as suas achegas via e-mail.
obrigado e um abraço.
By josé cunha-oliveira, at 10:44 da manhã
Que interessante e lúcido seu pensamento!
Gosto.
By rifenha, at 11:24 da tarde
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