o mago
certo dia tirei-me de cuidados e fui visitar a casa-museu de um mencinheiro ali polas bandas de Lugo. o home acolheu-nos de boa mente e logo começou o foguetório das suas artes. que tinha 300 anos de vida, que era capaz de voar, que tinha uma capa vermelha, enfim. enquanto ele exibia as suas gabanças, acompanhadas de vasta coleção de fotos e artigos de jornais, eu passava os olhos pelo estendal de ervas, patas de rãs, insetos e bichos repelentes, mezinhas, poções, pós, potes e almofarizes, receitas e esconjuros, livros da melhor gente da cultura e das artes: um museu.
e eu ia bebendo na fonte o que a bica botava.
vendo-me interessado e curioso, o home mandou-me uma estocada e quase me joga no tapete:
- sabes de onde vem o meu poder?
fiquei sem resposta, ante tantas hipóteses que me passavam pola mente. pelo que, após um interlúdio bem estudado, o home respondeu à própria pergunta rapando do boné que trazia na cabeça e pondo-me a testa dele na frente dos meus olhos:
- daqui!
e mostra um par de corninhos, um de cada lado da testa, quase simétricos, que trazia recatados no seu boné.
a Bíblia passou-se-me de repente pelos olhos de dentro: tamém a Moisés o pintam com uns cornos assim!
aí, passei ao contra-ataque:
- home, cando eu entrei ali pola porta vi cousas de deus ao lado direito e cousas do diabo na montra da esquerda...
- ...e sabes porquê? - perguntou triunfante.
- ora, respondi eu, a porta da tua casa é como entrar dentro da gente. deus e o diabo fazem parte da nossa natureza por igual!
a reação do home foi de incredulidade. olhou pra mim de cima abaixo e perguntou:
- tu que fazes? és vidente? filósofo?
- gosto de entender as pessoas, só isso.
quem ia comigo já não aturava mais a conversa e deu coa língua nos dentes:
- ele é psiquiatra!
fiz um esgar de zangado, mas o mal estava feito.
a conversa mudou de figura. o impressionante feiticeiro entrou em confissão. contou como tudo começara, ainda jovem. cousas difíceis de entender se tinham passado co ele. chegavam-lhe de outros mundos vozes e influências. andara polos médicos, sem que lhe dessem solução às dúvidas, incertezas, enigmas e temores. começou a frequentar congressos de medicina, de literatura e de cultura e arte, procurando respostas. tornou-se amigo de figuras de renome e influência.
a fama dos seus contactos com experiências além do real fez que o procurassem cada vez mais e de mais longe. a resposta encontrou-a ajudando os outros.
hoje é ele mesmo um ícone da cultura nacional galega e um museu na sua terra.
e eu ia bebendo na fonte o que a bica botava.
vendo-me interessado e curioso, o home mandou-me uma estocada e quase me joga no tapete:
- sabes de onde vem o meu poder?
fiquei sem resposta, ante tantas hipóteses que me passavam pola mente. pelo que, após um interlúdio bem estudado, o home respondeu à própria pergunta rapando do boné que trazia na cabeça e pondo-me a testa dele na frente dos meus olhos:
- daqui!
e mostra um par de corninhos, um de cada lado da testa, quase simétricos, que trazia recatados no seu boné.
a Bíblia passou-se-me de repente pelos olhos de dentro: tamém a Moisés o pintam com uns cornos assim!
aí, passei ao contra-ataque:
- home, cando eu entrei ali pola porta vi cousas de deus ao lado direito e cousas do diabo na montra da esquerda...
- ...e sabes porquê? - perguntou triunfante.
- ora, respondi eu, a porta da tua casa é como entrar dentro da gente. deus e o diabo fazem parte da nossa natureza por igual!
a reação do home foi de incredulidade. olhou pra mim de cima abaixo e perguntou:
- tu que fazes? és vidente? filósofo?
- gosto de entender as pessoas, só isso.
quem ia comigo já não aturava mais a conversa e deu coa língua nos dentes:
- ele é psiquiatra!
fiz um esgar de zangado, mas o mal estava feito.
a conversa mudou de figura. o impressionante feiticeiro entrou em confissão. contou como tudo começara, ainda jovem. cousas difíceis de entender se tinham passado co ele. chegavam-lhe de outros mundos vozes e influências. andara polos médicos, sem que lhe dessem solução às dúvidas, incertezas, enigmas e temores. começou a frequentar congressos de medicina, de literatura e de cultura e arte, procurando respostas. tornou-se amigo de figuras de renome e influência.
a fama dos seus contactos com experiências além do real fez que o procurassem cada vez mais e de mais longe. a resposta encontrou-a ajudando os outros.
hoje é ele mesmo um ícone da cultura nacional galega e um museu na sua terra.
9 Comments:
Epa, nom sabia q eras psiquiatra.
By La queue bleue, at 10:27 da tarde
cruzes, canhoto! do jeito que o dizes até parece cousa má...
nom me digas que ter posto isso na estória tamém estragou tudo... :/
By josé cunha-oliveira, at 10:46 da tarde
:)
Nao, nao, só fiquei surpreendida.
By La queue bleue, at 1:48 da manhã
pois é, vejo que não leste isto. p)
By josé cunha-oliveira, at 2:28 da tarde
Nao conhecia, nao... que medo agora vir-lhe fazer comentários a um especialista nos interiores das pessoas, uuh!
By La queue bleue, at 7:03 da tarde
calma, calma, sou só psiquiatra, não sou cirurgião p)
By josé cunha-oliveira, at 7:42 da tarde
:P
Pois, pois, nao sei quem é que espreita melhor nas pessoas...
By La queue bleue, at 9:14 da tarde
o psiquiatra não espreita, só vê o que as pessoas lhe mostram. de resto é um bichinho inofensivo.
By josé cunha-oliveira, at 10:55 da tarde
Ele é um psiquiatra que aprende dos chamãs, como o mago.
Um psiquiatra-chamã.
Os chamães forom os primeiros psiquiatras-psicólogos-psico-terapeutas. Tamém os primeiros tolos que souberom empregar sua tolemia em ajudar aos demais a abrir as portas do castelo interior e passar a ponte , sem ser devorados polos monstros do foso. Porque eles convivem com os monstros e os monstros não lhe fazem mal.
By rifenha, at 2:54 da tarde
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