escritas e falares da nossa língua


quarta-feira, fevereiro 28, 2007

vindeiro (Gz.)

"vindeiro" (subst.) significa "próximo (tempo: dia, semana, mês, ano)", "o que há-de vir", vindoiro", "vindouro".

ajinha, asinha, axiña (Gz.)

foi advérb. muito comum da banda de cá até, polo menos, o século XVI. na oralidade deve ter sobrevivido bastante mais tempo. atopa-se, agora, na Galiza frequentemente. significa "já de seguida", "rapidamente", "depressa", "logo" (Br.), "já".

terça-feira, fevereiro 27, 2007

dende ou dendes (Gz.)

"dende", var. "dendes", (propos.) é o mesmo que "desde" (um certo tempo ou um certo espaço).

nomes do diabo

o velho rival de Deus tem nomes que eu sei lá. na Galiza de lá e neste lado de cá. constou-me que o diabo está de férias, polo que se pode falar dele, nem que seja bem.
aqui vão os nomes por que o rejoubeiro é conhecido:

belzebu
demo
denho (Gz.) - variante de "dianho"
deusmelivre
diabo
diacho
dianho (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "diaño"
inimigo
mafarrico
mefistófeles
perete (Gz.)
trasgo (Gz.) - ver Comentº
trasno (Gz.) - ver Comentº

e outros não posso dizer porque o diabo é tendeiro.

rejoubeiro ou rexoubeiro (Gz.)

"rejoubeiro" (subst.) significa "diversão", "festa", "algazarra", "animação".
como adjectivo, o "rejoubeiro" é aquele que é "alegre", "animado", "divertido", "folgazão", "pândego", "folião".

a riqueza de uma língua

que me perdoem os ortopedistas e psiquiatras da língua: a língua nom é uma norma, uma lista de palavras permitidas nem, muito menos, um código moral ou médico que faça das diferenças um pecado ou uma doença. a língua é livre e criativa. as diferenças são riqueza, são o tesouro expressivo, as mil e uma necessidades exatas e diversas de dizer e interferir com o outro e com o além e o aquém. mal vai a língua que despreza a fala tal como ela é. que lhe põe espartilhos e roupa demasiado estreita. e digo mais: que lhe põe roupa.
porque se eu te entendo assim que falas, é porque falamos a mesma língua.

medrar

verbo, significa "crescer", "desenvolver-se". ouve-se por todo o norte de Portugal e na Galiza.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

solaina (Gz.)

"solaina" (subst. fem.) significa "alpendre", "sagüão" (Br.), "varanda de balaustrada na fronte de um solar".

cartafol (Gz.)

"cartafol" (subst.) é o mesmo que "catrapácio" ou catarpácio", livro de andar debaixo do braço, vademecum. pasta ou dossiê em forma de acordeão (ver Comentº).

cavilar

verbo, é o mesmo que "cogitar", "pensar em segredo", "pensar de si para consigo", "ruminar" (pensamentos). "cismar" (ver Comentº).

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

noraboa (Gz.)

a palavra, ou melhor, a expressão "noraboa" é o mesmo que "em boa hora".

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

uma, umha, unha (Gz.)

os meus amigos galegos tenhem um problema que não passa pola ideia dos de Entre-Douro-e-Minho - que pronunciam o feminino de "um" do mesmo jeito que eles.
a questão é que os Galegos estabelecem confusão onde ela não existe: ou seja, entre o feminino de um e aqueles apêndices envernizáveis que temos nas pontas dos dedos - sobretudo as mulheres, está bom de ver, polo menos por enquanto.
aceito que a causa do problema esteja em que os computadores não são capazes de pôr um til (~) em riba de um u. mas, que diabo! nós, os da esquerda do Minho terminal tamém falamos como vocês e escrevemos "uma", separando, na fala, o "um-" do "-a". e nom temos de recorrer ó til (~) de Castela para escrever aquela parte dos dedos que nos permite apanhar do chão as moedas pretas.
eu nom me deixo enganar pola escrita. mas é pena criar diferenças aparentes onde elas não existem.

domingo, fevereiro 18, 2007

poleiro


"poleiro" (nom. masc.) é uma vara, travessa ou ponto alto dos galinheiros onde se empinam os galos e as galinhas. por analogia com o uso que dele fazem os galos, significa tamém "posto elevado", "lugar de poder". já foi mais atrativo e procurado do que é hoje, devido à inveja geral contra quem ganha mais que os remediados e à facilidade com que os do poleiro se tornam arguidos de mil e uma inconsequências e tramóias.

aperta (Gz.)

"aperta" (subst. fem.) significa "abraço"

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

antroido, entroido, entrudo, entruido

"entrudo" é a palavra usada no norte de Portugal (Pt.n) para designar o Carnaval. deriva do latim introito: "abertura", "início". indica a entrada num novo ciclo da mãe Natureza e, em muitos casos, num novo Ano. é, pois, uma festa genuinamente pagã (popular). tem as variantes dialetais "antroido" (Gz.), "entroido" (Gz.) e "entruido" (Pt.n e Gz.).
ver Comentário.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

regueifa

"regueifa" (subst. fem.) - palavra usada no norte de Portugal e na Galiza, refere-se a um pão em forma de rosca circular, feito da farinha melhor. é ainda hoje um pão para dias festivos. em certas regiões do Entre-Douro-e-Minho era dado pelos padrinhos aos seus afilhados na altura da Páscoa. ver Comentº.

biosbardos (Gz.)

"biosbardos" (subst.) é o mesmo que "piospardos" ou "gambozinos". com a " ida aos gambozinos" terminava a credulidade fácil de muitos rapazes inocentes, preparando-os para ingressar na vida adulta.

biqueiro

"biqueiro" (adj.) é usado na Galiza e nas regiões do norte de Portugal no sentido de "esquisito no comer", "difícil de contentar à mesa porque nada lhe agrada", "aquele que come pouco".
no norte de Portugal tamém pode significar "pontapé", "chuto".

cachola

"cachola" (subst. femin.) usa-se na Galiza e no norte de Portugal com o sentido de "cabeça". o termo é usado em Portugal tamém no sentido de "humilhação ou tristeza após a derrota".

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

esmorga (Gz.)

"esmorga" (subst. femin.) significa "pândega", "comezaina", "patuscada".

labrego

"labrego" significa "lavrador", "aquele que lavra a terra". em Portugal tem uso a norte, com algum desvio semântico, no sentido de "rústico", "pouco evoluído".

brétema (Gz.)

"brétema" (subst. fem.) significa "bruma", "neblina", "nevoeiro".

a eito

locução adverbial que significa "de enfiada", "do princípio ao fim", "seguido e sem parar". ouve-se por todo o espaço da língua, embora mais frequentemente na Galiza e no norte de Portugal.

morcão ou morcóm

"morcão" ou "morcóm" (adj.) usa-se no norte de Portugal e na Galiza com o significado de "fechado dentro de si mesmo", "excessivamente tímido", "indolente", "pouco expedito", "atrasado". onde esta palavra faz parte do léxico comum, a grafia mais fiel à pronúncia é "morcóm". feminino: "morcona".

lambão ou lambóm

"lambão" ou "lambóm" (adj.) é "aquele que quer tudo para si", "o egoista". também pode qualificar "o oportunista". usa-se no norte de Portugal e na Galiza, onde a grafia mais fiel à pronúncia é, em ambos os casos, "lambóm". feminino: "lambona". ver Comentº.

lambareiro

"lambareiro" (subst.) é "aquele que gosta de lamber". é o mesmo que "guloso por coisas doces", "aquele que gosta de doces", "lambão".

atopar

o verbo "atopar" ou "topar" significa "ver", "descobrir", "encontrar". atopa-se na Galiza e no norte de Portugal.

decatar-se (Gz.)

"decatar-se" (verbo reflexo) significa "dar-se conta de", "reparar em", "reconhecer".

terça-feira, fevereiro 13, 2007

alouminhar, alouminho (Gz.)

"alouminhar" (verb.) significa "acarinhar", "acariciar", "afagar", "amimar". graf. altern.: "aloumiñar"

"alouminho" (subst.) significa "mimo", "carinho", "afago", "atenção", "doçura de trato". graf. altern. "aloumiño".

cachopa

"cachopa" (subst.) - assim se diz "moça" no Entre-Douro-e-Minho e tamém na Galiza.

arrecendo

"arrecendo" (subst.) significa, na Galiza e em certas zonas de Entre-Douro-e-Minho, ""perfume", "aroma", "fragância".

agasalho (Gz.)

além do sentido que tem em Portugal, "agasalho" significa "obséquio", "demonstração de estima ou de carinho". graf. altern. "agasallo".

agarimo (Gz.)

"agarimo" (subst.) significa "carinho", "carícia", "amparo"

mouco, moico (1)

"mouco ("moico", na região de Coimbra) é aquele que é duro de ouvido, surdo. (adj.).

lorpa

"lorpa" (adj.) significa "palerma", "crédulo", aquele que se deixa influenciar facilmente.

bico (Gz.)

na Galiza, "bico" (s.m.) significa "beijo". "biquinho" é "beijinho".
os outros significados que o "bico" tem tamém os tem em Portugal.

domingo, fevereiro 11, 2007

trengo

"trengo" é um adjetivo. utilizado na zona do Grande Porto, significa "desajeitado", "pateta", "parolo" (ver comentº).

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

samelo

"samêlo" (subst.) é uma pedra de dimensões que permitem o seu transporte ou arremesso por uma só pessoa. Machado (1981) confirma que é um provincianismo de Entre-Douro-e-Minho (provinc. minh.) que significa "pequena pedra"
tamém pode ser usado como adjetivo, qualificando uma pessoa pouco elaborada, uma "pedra bruta". uma pedra que não tem nada de balofa porque não respira. que é só conteúdo e densidade. que nem criatura é.

estantío (Pt.-N e Gz.)

a palavra "estantío" ouve-se em certas regiões de Entre-Douro-e-Minho e na Galiza. significa "admirado", "surpreendido", "estupefacto".