"maculo" (n. masc.) é
uma palavra com origem no Quimbundo (Angola). refere-se a uma doença muito
frequente nos escravos que de Angola e Moçambique eram enviados para o Brasil,
pelo que também atingiu os colonos brancos e os caboclos e nativos brasileiros.
tem vários sinónimos, como "achaque do bicho", "doença do
bicho". na terminologia médica mereceu o nome de "retite gangrenosa
epidémica". segundo se diz, era devida às horríveis condições de higiene
dos escravos, obrigados a defecar junto ao chão, ao alcance das moscas
varejeiras. os seus sintomas consistiam numa retite inflamatória, com relaxação
do esfíncter anal, eliminação de muco fétido, ulcerações e prolapso retal, além
de febre, cefaleias, dores no corpo, quebreira geral e, por vezes, sintomas
neurológicos de torpor, sonolência, delírio e coma, terminando na morte, não
raro com gangrena do reto e aparecimento de larvas ("bichos").
porém, o "maculo" não é
uma doença especificamente africana ou brasileira, é uma doença disentérica
universal própria de regiões pantanosas e seringais, associada a baixos índices
de higiene.
curiosamente, na América
hispanófona e nos autores portugueses castelhanógrafos do século XVII, a doença foi conhecida por “mal del culo”, devido, provavelmente, à
localização principal dos sintomas físicos e à semelhança fonética com o termo
quimbundo.