ridículo (Pt., Gz. e Br.)
ridículo (adj.), do lat. ridiculu significa "aquilo ou aquele que provoca riso, troça, escárnio ou chacota". diz-se da atitude ou circunstância que, sendo natural, é levada ao exagero. cómico, grotesco. (fig.) de pouco ou nenhum valor, insignificante, mesquinho.
"prestar-se ao ridículo": agir de uma forma que provoca o riso, a chacota ou o escárneo.
o ridículo usa-se como arma de combate ideológico, escarnecendo do adversário ou inimigo para fazer crer que tudo o que ele diz ou pensa ou faz é ridículo. e com isso se poupa tempo e feitio em discussões e debates, em filosofias a gosto e argumentos inúteis. pode ampliar-se o uso do ridículo dizendo que determinada ação, opinião ou atitude não pode ser ridicularizada porque já de si é ridícula.
ridículo é qualquer chefe ou estadista deposto ou em vias de o ser, desde que não tenha potencial para mártir ou herói.
ridícula é toda a intimidade exposta ou vista pelo olhar dos outros.
já dizia Fernando Pessoa (melhor, Álvaro de Campos),
as cartas de amor são ridículas:
todas as cartas de amor são
ridículas.
não seriam cartas de amor se não fossem
ridículas.
também escrevi em meu tempo cartas de amor,
como as outras,
ridículas.
as cartas de amor, se há amor,
têm de ser
ridículas.
mas, afinal,
só as criaturas que nunca escreveram
cartas de amor
é que são
ridículas.
quem me dera no tempo em que escrevia
sem dar por isso
cartas de amor
ridículas.
a verdade é que hoje
as minhas memórias
dessas cartas de amor
é que são
ridículas.
(todas as palavras esdrúxulas,
como os sentimentos esdrúxulos,
são naturalmente
ridículas).